segunda-feira, 7 de junho de 2010



SEM TÍTULO





ele passa dias a fio na espera de algo novo. a luz do sol vai se

ofuscando, dá espaço ao mistério de cada noite. e ele a espreitar

cada movimento de luz, de sombra, cada barulho de folha seca na

ignomínia esperança de estar sendo perseguido.

encara o espelho: as imperfeições sempre fazem questão de se

exporem mais que as qualidades. e fica à mercê de si, portanto

inseguro se olhando nos olhos sem que consiga ver qualquer

coisa além da cor marrom da íris. não consegue penetrar no

próprio olhar.

mexe o corpo vertiginoso hora sem consciência e hora em súbita

sã consciência para lembrá-lo de suas ações. ignora.

quando se entrega ao inefável, ao impossível e ao incerto toma

goles longos de felicidade efémera.





Por Pedro Paulo
(Ler mais poesia sua em http://hermeticidadeconcisa.blogspot.com/)
fotografia de Charles Sheeler

2 comentários:

  1. António, é sempre uma honra ter meus textos publicados aqui.
    Honra maior ainda é ler seus comentários sobre eles. Saiba que são inspiradores e imprescindíveis. São pessoas, como você, que acreditam no teor da minha escrita, que me fazem querer superar (em todos os sentidos) a cada dia. E cada vez mais tirar de coisas tão simples os poemas da vida.
    Abraços!

    ResponderEliminar
  2. Parabéns aos dois, um pela escrita contemplativa de um olhar cotidiano, que se depara com o impossível em goles de felicidade e ao outro, pela leitura e divulgação deste Poema com maiúscula...

    Carinho, abraços.

    Carmen Silvia Presotto. Vidráguas!

    ResponderEliminar

fale à vontade