quarta-feira, 30 de junho de 2010







Na tua boca cantou subitamente uma voz.

E, ao dizeres o meu nome na rede de um abraço,

o rio que outrora bordava o campo emudeceu

com as suas pedras lisas. Então foi possível



ouvir o vento soprar nas asas das borboletas

e os lagartos recolherem-se nos veios dos muros

e o sol ferir-se nos espinhos das roseiras.



Sobre uma colina quente passou uma nuvem

e uma ave poisou, perplexa, no fio do horizonte –

por um instante, o dia mostrou as suas pálpebras tristes;



e, na brancura cega desse entardecer, a tua mão

escorregou pala inclinação do sol e veio contar

as sombras do meu decote.



São assim as mais pequenas histórias do mundo.





Por Maria do Rosário Pedreira
Fotografia de Robert Parkeharrison

2 comentários:

  1. "o vento soprar nas asas das borboletas"

    adequada sutileza.

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  2. E que venham mais pequenas histórias!!! Este poema estala no decote da vida, que bom!

    Um beijo António, obrigada pels poesia que chega daí.

    Carmen Silvia Presotto
    www.vidraguas.com.br

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