terça-feira, 22 de junho de 2010
CONSTELAÇÃO VEGA
E tinhas o brilho duma estrela gravado pelo peito
como se fosse uma tua tatuagem de luz
era um olho amarelo que te brilhava no peito
no sítio onde o esterno é metade
Isso era a sapiência do teu tórax todo feito luz
era precisamente a sapiência dos teus pulmões
a explorarem fogo por fora do peito
e tinhas o brilho da constelação de Vega
gravado pelo peito todo
feito por que mulher não sei e não sei em que praia
porque é na praia que as tatuagens se iluminam ainda mais
ao brilho do iodo que do Sol desce
e cobre as pestanas do peito que são os cabelos
Tinhas uma estrela de luz gravada no meio do esterno
reconheço-te a pousada da mesma o sítio onde ela se põe
e o teu peito era a gruta
Se imagino um presépio abre-se-te a cova da garganta
que da garganta te vai
até onde o dito começa
e onde o fluxo da luz da dita inundaria depois
a dimensão do teu presépio
a dimensão do teu presépio virado para o Norte
ao confronto da Estrela Polar
que de noite viria escrever pela sua própria mão
o nome dela por cima dos bicos da tua.
Fusão da fusão, cíproco do recíproco
a tua que de estrela seria depois polar
nos indicaria depois o caminho dos celtas
o caminho do Norte e da Inglaterra de Ricardo
e então uma cruzada nasceria na imaginação do teu peito
uma cruzada para pôr em bico de guerra
a glava do princípio do teu esterno.
Se imagino a recuperação do túmulo
nasce-te um milagre
no sítio da tábua do dito
há uma aparição no sítio da mesma tábua.
Lázaro vem nu
se traz a Bíblia na mão é o começo dos evangelhos
vê-se João no sítio do horizonte
onde o Sol põe cobre por cima da cabeça do apóstolo
nasce a Bíblia na mão do Sol
e então o astro ensina à galáxia
o sentido que o homem tem.
Tem um galo nas costas e não vê
Adão que não acorda ao sentido do corpo da cobra.
Por António Gancho
Música e interpretação de Joy Division
Etiquetas:
António Gancho,
os mapas trocados,
poesia portuguesa
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Oi
ResponderEliminarÉ o vento da palavra, criação pura,todas tuas ou não tuas.Do que sopra com o ar do vento.
Adorei o ritmo da poesia.Vai em tempos de esfera, crescendo numa cadência de ballet.
beijo
Adriana Bandeira
António, que belo poema, estou tatuada com todas estas metáforas de luz!!! E Hoje, esta A Palavra em Vidráguas!!!
ResponderEliminarUm beijo e obrigada pela companhia.
Carmen Silvia Presotto