sábado, 13 de fevereiro de 2010



PRISÃO





Tu tinhas uma nascença que era uma prisão

uma certeza de estar concreto e unido

com a matéria da pedra

Que era uma tua sedimentação de vida

uma tua construção de movimentos a sair das grades

Era rico em Sol o teu peito de grades

concreto e unido sedimentavas dias de espera

duma letra que te abrisse os instintos para

falares de nada.

Era uma certeza de tu estares unido como uma raiz de mesa própria

uma certeza de estares virado para um

nascente de inconcretidade material

tinhas uma mão de peça de artilharia

de disparares para fora o conteúdo dos dias com raiz

de mesa própria

Eras um sol a nascer-te no sítio da grade

onde se punham ramos de quinta-feira de campo.

Tinhas uma natureza de estares sentado

sobre uma cadeira que era a tua

esperança de estares unido com a nascença do movimento.

Tinhas um cantarem-te os cabelos no dia de dentro

um ser-te uma mágica fusão de

olhar com dimensão de esperança fora.

Eras-te igual à matéria da tua animação de selva

íntima

igual ao cantar-te serôdio o tempo de pendular

na cabeça

Conhecias uma esperança de cortares os cabelos com uma

navalha de vento

mas era tua a inspiração de um modo interior de vida.

Criavas um espaço aberto na clareira de uma grade

que era um espaço celeste a cobrir de grego o cimento

Tu tinhas uma invenção de disparares saúde de dias

por fora duma mão.

Tinhas uma sensação absoluta de estares aberto com o espaço

duma grade

tinhas um ser-te grave o olhar para fora do dia

inaugurado de verde

Que se te abrisse a letra

era desejo de teres fonemas no nada de uma mão aberta

sem um rogar de branco.

O Sol aberto em sentido de alusão a uma palavra de ti

era nada de o poente estar no sentido inverso.





Por António Gancho
Vídeo excerto de Control de Anton Corbijn
Música de Joy Division

Sem comentários:

Enviar um comentário

fale à vontade