sábado, 20 de fevereiro de 2010



CARÍCIA





Demore-se no carinho,

de modo que no rosto do outro

vá a mão como se não fora

voltar. Repita,



demorando-se mais,

de modo que a mão descanse

naquele rosto, como se,

e se esqueça de que.



Repita, demore-se no carinho

como se a mão desse adeus,

agarrada ao rosto que se vai.

Outra vez: repita,



demorando-se mais

e mais, como se a mão bebesse

daquele rosto para, saciada, dormir

ali mesmo, ao pé da fonte.





Por Eucanaã Ferraz
Quadro de Gustav Klimt

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