terça-feira, 2 de fevereiro de 2010



BOA CONSTRICTOR





estava enrolada num galho

entre folhas nem se mexia

a danada

me viu era hora do almoço

e me disse na língua das cobras:



parada



virei o tronco ela já vinha

calculava minha espinha

cobreava

me poupe eu disse

e ela na língua das cobras

negava:



você sabe porque veio

honeypie

e sabe para onde vai




me envolveu com destreza

me apertou bem as pernas

me prendeu de jeito

até que meu peito

ficou maior

que a alma



um crec crac

de ossos quebrando

uma lágrima escorrendo:

parecia amor

a falta de ar

o sangue subindo para a cabeça



onde toda a história começa.





Por Angélica Freitas

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