domingo, 14 de fevereiro de 2010



O DOIDO





Diziam, verdade ou não, que fora rico e são

e que a despeito dos bens que possuira



acabara endividado, falido e torto. Talvez

por isso, embora miserável, a cabeça



reta, o andar

de quem governa e pisa terra extensa e sua



em perambular sob o sol absoluto,

absorvido sabe-se lá por que delírios.



Absorvido por sabe-se lá por que delírios,

insultava o vento e o vazio numa agitação



de cabelos e palavras e era comum

vê-lo penteando com seus dedos



encardidos a água das praias,

como se província sua,



como sua líquida mulher ou filha.

Viveu assim, entre feridas e piolhos,



até que desceu a noite

e uma pedra veio buscá-lo





Por Eucanaã Ferraz
Quadro de Salvador Dali

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