A COMPAIXÃO
Algum tempo depois alguns amigos
abeiraram-se de mim abeirado
do poço de onde só o eco vinha
aos meus apelos: disseram-me é em
vão pousando ternamente as mãos nos
meus ombros nos meus braços ternamente
as mãos nas minhas mãos que era melhor
desistir: rareavam os retornos
das quedas àquela profundidade.
Já em casa tive ao telefone outros
amigos amigos que vivem no
outro lado do mundo perguntando
como te sentes? dizendo que a viram
quase hesitante – alguns juraram mesmo
que ela hesitou – abeirada do poço
mas o poço varava o mundo e não
havia perto possuidor de
corda bastante para o meu resgate.
Afectei acreditar e também
que sabendo de todas estas coisas
era deveras menos infeliz.
Por António Gregório
Quadro de Edvard Munch
Algum tempo depois alguns amigos
abeiraram-se de mim abeirado
do poço de onde só o eco vinha
aos meus apelos: disseram-me é em
vão pousando ternamente as mãos nos
meus ombros nos meus braços ternamente
as mãos nas minhas mãos que era melhor
desistir: rareavam os retornos
das quedas àquela profundidade.
Já em casa tive ao telefone outros
amigos amigos que vivem no
outro lado do mundo perguntando
como te sentes? dizendo que a viram
quase hesitante – alguns juraram mesmo
que ela hesitou – abeirada do poço
mas o poço varava o mundo e não
havia perto possuidor de
corda bastante para o meu resgate.
Afectei acreditar e também
que sabendo de todas estas coisas
era deveras menos infeliz.
Por António Gregório
Quadro de Edvard Munch
Primeiramente, muito obrigado pela sua presença no meu blog! Comentários como os seus com certeza significam muito pra quem escreve.
ResponderEliminarSegundo, precisa dizer que isso aqui tá bom demais?! Muito bem escrito e muito tocante. Uma linda composição de palavras que construíram um ótimo poema.
António, que bom quando o poço é tal qual a página em branco, pois dela nos "apoçamos" das palavras para viver desafogados...
ResponderEliminarUm beijo amigo.
Carmen Silvia Presotto