domingo, 18 de abril de 2010



algures aonde eu nunca viajei,alegremente além de

qualquer experiência,osteus olhos têm o seu silêncio:

no teu gesto mais frouxo há coisas que me prendem,

ou que eu não posso tocar de tão próximas que estão



o teu mínimo olhar há-de facilmente desprender-me

embora eu me tenha cerrado como dedos,

tu sempre me abres pétala a pétala como abre a Primavera

(tocando hábil,misteriosamente)a primeira rosa



mas se teu desejo for encerrar-me,eu e

minha vida fecharemos em beleza,de repente,

como quando o coração desta flor imagina

a neve em tudo cuidadosa descendo;



nada do que existe para ser sentido neste mundo iguala

o poder da tua extrema fragilidade:cuja textura

me submete com a cor dos seus domínios,

representando a morte e para sempre em cada alento



(eu não sei o que é que há em ti que fecha

e abre;apenas alguma coisa em mim entende

a voz dos teus olhos mais profunda que todas as rosas)

ninguém,nem mesmo a chuva,tem tão finas mãos





Por e.e. cummings
Tradução de Jorge Fazenda Lourenço
Quadro de Van Gogh

1 comentário:

  1. Uau, que Poema!!!

    Que a voz da Poesia, siga tocando as pétalas dos dias e nos desembalsamando em versos...

    Um beijo amigo e companheiro, António!

    Carmen Silvia Presotto

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