O DRAGÃO
Semana que vem,
chega-te pelo correio a lua:
puro papelão,
que aos teus dedos
transmutará em louça.
Não fosse a gripe
que me assolou esses dias,
não fosse a preguiça,
os livros e o sono,
eu te mataria um dragão.
Na entrada da tua vila,
deixaria o bicho,
pesado como uma hecatombe
(um hematoma na boca do estômago,
as asas imensas de bomba
imersas numa poça de sangue verde).
Ora, não te assustes,
sei que te acostumei com presentes mais delicados.
Mas não seria preciso guardá-lo:
telefonarias para o Departamento de Limpeza Urbana
avisando que um louco que te ama
deixou um sonho morto
na porta da tua casa.
Por Eucanaã Ferraz
Semana que vem,
chega-te pelo correio a lua:
puro papelão,
que aos teus dedos
transmutará em louça.
Não fosse a gripe
que me assolou esses dias,
não fosse a preguiça,
os livros e o sono,
eu te mataria um dragão.
Na entrada da tua vila,
deixaria o bicho,
pesado como uma hecatombe
(um hematoma na boca do estômago,
as asas imensas de bomba
imersas numa poça de sangue verde).
Ora, não te assustes,
sei que te acostumei com presentes mais delicados.
Mas não seria preciso guardá-lo:
telefonarias para o Departamento de Limpeza Urbana
avisando que um louco que te ama
deixou um sonho morto
na porta da tua casa.
Por Eucanaã Ferraz
que coisa mais arrebatadora, tão duro e tão delicado, esse dragão sangrando...
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