terça-feira, 9 de agosto de 2011
















POEMA DE AMOR











A dor serve sempre para alguma coisa.

A tua mãe faz malha.

Despacha cachecóis em todos os tons de vermelho.

Eram para o Natal, e mantinham-te quente

enquanto ela casava, uma vez e outra, levando-te

consigo. Como poderia ter dado certo

se ela escondeu o seu coração de viúva todos esses anos

como se os mortos pudessem regressar.

Não admira que sejas como és,

com medo de sangue, as tuas filhas

como paredes de tijolo, uma após outra.











Por Louise Glück
Tradução de António Ladeira

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