domingo, 21 de agosto de 2011





















FORMIGA










"Pai, anda cá", diz a minha filha.

Pela parede branca sobe uma formiga,

minúscula, muito lenta, obstinada.

A minha filha encolhe o corpo

pequenino para olhar. Não sei se é

a primeira vez que vê uma formiga;

mas é, parece-me, a primeira vez

que se apercebe da enorme diferença

de escala que a separa do insecto.

A minha filha acompanha a subida

heróica da formiga pela parede

branca, vira-se para mim, sorri.

É nesse espaço subitamente tenso,

criado entre a alegria infantil da

descoberta e o esforço irracional

da formiga, que nasce o poema,

mesmo se eu já desisti dele para

limpar o ranho que a minha filha,

absorta, deixou chegar até à boca.










Por José Mário Silva

4 comentários:

  1. Maravilloso blog, me ha encantado tu selección de poemas. Por aquí me quedo.

    Te invito a visitar los míos:

    http://volandomariposas.blogspot.com/

    http://adjuntofoto.blogspot.com/

    Un abrazo

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  2. Obrigado pela visita Gloria. Estou contente que tenhas gostado. Visitarei os teus blogs, com certeza.
    Abraços

    António

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  3. Adorável o poema em narrativa, pois eu mesma, quando criança, pisei em formigueiro para ver o que acontecia e, ui! Um abraço, Yayá.

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  4. Uma bela poesia. Parabéns António Amaral.

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