domingo, 28 de agosto de 2011




















NÃO ENTRES DOCILMENTE NESSA NOITE SERENA









Não entres docilmente nessa noite serena,

porque a velhice deveria arder e delirar no termo do dia;

odeia, odeia a luz que começa a morrer.




No fim, ainda que os sábios aceitem as trevas,

porque se esgotou o raio nas suas palavras, eles

não entram docilmente nessa noite serena.




Homens bons que clamaram, ao passar a última onda, como podia

o brilho das suas frágeis acções ter dançado na baia verde,

odiai, odiai a luz que começa a morrer.




E os loucos que colheram e cantaram o voo do sol

e aprenderam, muito tarde, como o feriram no seu caminho,

não entram docilmente nessa noite serena.




Junto da morte, homens graves que vedes com um olhar que cega

quanto os olhos cegos fulgiriam como meteoros e seriam alegres,

odiai, odiai a luz que começa a morrer.




E de longe, meu pai, peço-te que nessa altura sombria

venhas beijar ou amaldiçoar-me com as tuas cruéis lágrimas.

Não entres docilmente nessa noite serena.

Odeia, odeia luz que começa a morrer.










Por Dylan Thomas

Tradução de Fernando Guimarães

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