sábado, 27 de agosto de 2011















GROTTO









Não quero nada claro ou helénico.

Prefiro turbinas de aviões comerciais, a sua fuligem

doméstica

às velas de alabastro do veleiro de Ulisses

lá em mar alto.

Prefiro o eclipse a Calipso.

Não quero nada de verdadeiramente branco.

Dispenso a asa delta de garças,

o seu voo aerodinâmico,

troco-o pela arribação de ratos no esgoto,

a sua pressa chinesa,

o seu stress pós-traumático:

orgulham-me criaturas tão limpas.

Assim também recuso o papel branco:

trato de o desfigurar

com sangue negro, como se desfigura

um branco em Harlem.

Não quero começar a imaginar como se sentiriam

escravos nos campos de algodão.










Por Daniel Jonas

Arte por Lefevre Jules Joseph

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