domingo, 31 de outubro de 2010



QUANDO FORES VELHA






Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,

Dormitando junto à lareira, toma este livro,

Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar

Que outrora tiveram teus olhos, e com as suas sombras profundas;



Muitos amaram os momentos de teu alegre encanto,

Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,

Mas apenas um homem amou tua alma peregrina,

E amou as mágoas do teu rosto que mudava;



Inclinada sobre o ferro incandescente,

Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou

E em largos passos galgou as montanhas

Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.






Por W. B. Yeats
Tradução de José Agostinho Baptista

2 comentários:

  1. Nesse momento, de rosto entre a imensidão de estrelas percebo o quanto o Amor deste poema me renasce.

    Um beijo António, bom domingo e uma ótima semana.

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  2. Ah, esquecera de comentar a imagem, um eterno caracol, um eterno vir a ser e a mim lembra o logos-Vidráguas!

    Beijos

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