terça-feira, 26 de outubro de 2010



MECÂNICA POPULAR






Os enormes problemas de engenharia

Que encontrarás ao tentar crucificar-te

Sem ajudantes, roldanas, engrenagens,

E outros dispositivos mecânicos inteligentes –



Numa sala pequena, clara e despida

Apenas uma cadeira de pernas frouxas

Para alcançar a altura do tecto –

Um só sapato para martelar os pregos,



Já p’ra não falar de estares nu para a ocasião –

De modo que cada músculo costal se exiba,

A tua mão esquerda já cravada,

Apenas a direita para limpar o suor



E ajudar-te a alcançar a beata

Do cinzeiro a transbordar,

Que não conseguirás acender –

E a noite chegando, a longa noite zumbindo.






Por Charles Simic
Tradução de João Luís Barreto Guimarães
Fotografia de Robert Parkeharrison

1 comentário:

  1. Hey, dá tanto trabalho que é melhor desistirmos da cruz, hein? (rs)

    Amei a ironia deste poema, genial!

    Um beijo.

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