segunda-feira, 12 de julho de 2010



RAVEL





Todo telefone é terrível – negro

guerrilheiro, à escuta na sala

disfarçado ao lado do sofá

à espera, no gancho

sempre na véspera

como o grampo da granada

já nos dentes.

A única saída é ocupá-lo

para que não estoure

(não posso te agarrar daqui

nem pelos fios dos cabelos

pare antes que toque

e o infinito acabe).

Todo terrível é telefone – negro

à escuta

guerrilheiro à espera

ao lado do sofá

disfarçado na sala

na véspera da granada

com o grampo nos dentes fora do gancho

ocupando a única saída

para que não estoure

(não posso nem pelos cabelos

antes que acabe e toque

o infinito, te agarrar, nos fios, pare

daí).





Por Armando Freitas Filho

1 comentário:

  1. Que verdade em poesia!!!

    Um beijo, António.

    Carmen Silvia Presotto
    www.vidraguas.com.br

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