segunda-feira, 19 de julho de 2010



PODEROSA





eu posso me perder em um segundo

um vacilo

um silêncio curto

um atraso de telefonema

e não reconhecer mais nada

e nem saber como voltar

e perder a memória de como tinha me levantado

eu posso coisas que nem sei

eu posso viver um século como um farrapo roto dechirrado trapo de

gente sem tino sem brio sem senso nesta tarde de espera vã

- eu adoro esta palavra vã –

e achar que me perdi de novo

e nunca mais querer nascer – eu nunca mais vou nascer

eu posso me desfazer

eu posso nunca mais encontrar o caminho de volta

eu posso me maquiar e ninguém suspeitar que passo horas na frente

do espelho me camuflando de mim

eu posso nunca pedir ajuda nem confessar meus trincados a quem

mais amo

e nada pode me salvar disso que sou





Por Eugênia Fraietta
Ler mais poesia sua em http://bichodesetecabecas-ge.blogspot.com/

2 comentários:

  1. Li recentemente no blog da autora. Um arraso!

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  2. É...e somos tantos e apenas um.
    lindíssima a poesia.
    Adriana Bandeira

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