quarta-feira, 28 de setembro de 2011










DESOBEDIÊNCIA CIVIL







se a preguiça encantadora dos homens

deve acabar a sua obra e a sua língua de fogo

unir os dias e as noites do desejo

então saudemos as grandes afirmações:

«a poesia deve ser feita por todos» e

«a poesia é feita contra todos»




os devoradores de cultura podem sair pela esquerda alta

fiquem os amantes obscuros e o único os raros

todos os nus

porque a língua portuguesa não é a minha pátria

a minha pátria não se escreve com as letras da palavra pátria




Vêde

sobre a coroa de silêncio do vulcão adormecido

uma ave a sua plumagem de cores trémulas

e as asas que escrevem letra a letra o nome definitivo do homem

e no entanto multidões de gnomos

cada qual com o seu estandarte

esperam à entrada dos cemitérios

para saudar o fogo-fátuo




eu passo de bicicleta à velocidade do amor

atravesso a terra de ninguém com um dia de chuva na cabeça

para oferecer aos revoltados







Por António José Forte
arte por Aldina

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