quinta-feira, 12 de janeiro de 2012











À PESCA NO SUSQUEHANNA EM JULHO





Eu nunca andei à pesca no Susquehanna
ou em qualquer rio do mesmo género
para ser completamente honesto.

Nem em Julho, nem noutro mês
tive o prazer - se for um prazer -
de pescar no Susquehanna.

Sou mais do tipo de ser encontrado
numa sala sossegada como esta -
uma pintura de uma mulher na parede,

uma cesta de tangerinas sobre a mesa -
tentando compor a sensação
de pescar no Susquehanna.

Não restam muitas dúvidas
de que outros tenham pescado
no Susquehanna,

remando contra a corrente num bote de madeira,
mergulhando os remos na água
e levantando-os depois para gotejarem na luz.

No entanto, o mais próximo que estive
de pescar no Susquehanna
foi uma tarde num museu em Filadélfia

enquanto segurava um pequeno ovo do tempo
em frente a uma pintura
na qual esse rio se enrolava em volta de uma curva

debaixo de um céu azul e franzido com nuvens,
árvores densas ao longo das margens,
e um homem com um lenço vermelho

sentado num pequeno bote verde
de fundo raso
segurando a linha fina de uma cana.

Isto é algo que eu provavelmente
nunca farei, lembro-me de ter dito
a mim próprio e à pessoa que ali estava.

Depois pisquei os olhos e avancei
para outras paisagens americanas
de pilhas de feno, águas claras entre rochas,

até uma de uma lebre castanha
que parecia tão tensa e alerta
que eu imaginei que iria saltar da moldura.






Por Billy Collins
Tradução de Lp, Do trapézio sem rede

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