sexta-feira, 13 de janeiro de 2012











(Antes de vir, por dias me rondei. Era medo. Do desencontro, talvez.)

Choveu, escutam-se as rodas nervosas no asfalto molhado e, nos entremeios, um silêncio gordo que é uma espécie de zumbido que se desenha em espirais.
Pergunto-me quem são e se acaso já olharam a noite de frente. Eu não. Espreito-a e temo e cobiço. E é a ela que vendo a minha intimidade.
E pressinto-a. A tristeza em mim não é sentida, é pressentida, entendes isso?
A noite. Tal como a música, entra-se em mim e entranha-se e quando o dia romper no alvoroço de uma luz muito branca, talvez persista ainda o desajuste.
O sono é o remedeio. Mas às vezes, até aí a lucidez se vence. E então abro os olhos e há um corpo deitado a meu lado. E então os olhos ardentes fixam as órbitas vazias de um olhar assombrado. É o medo.




Por Elisabete Albuquerque

4 comentários:

  1. António,
    Pelo que me desculpe pelo silêncio que mais parece ingratidão...
    Estou em exames e o tempo não tem sido muito.
    Se me diz que frequentou a OP no ano passado, já sei quem é :)
    Escreve tão bem que não posso deixar de sentir o pedacinho de inveja que nasce da admiração genuína. E não o digo como forma de retribuição, uso da maior sinceridade.
    Muito obrigada pelo apreço e incentivo.

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    1. Elisabete, não te avalies mal ou de modo depreciativo. Estes poemas que li no teu blogue estão em continuidade com o que foste escrevendo na OP.
      Gostei muito do que escreveste em poucos minutos a propósito dos espaços judiciais. É pena que tenhas desistido nessa altura. Vou apreciando os teus escritos no teu blog.
      Obrigado por responderes,
      Abraços

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  2. Medo ou prevençao?
    Teimosia ou persistencia?
    Tristeza ou silencio?
    Como saber, pode ser os dois num só!

    Abraços da Mariane do blog As cores que sou

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    1. Viva Mariane, obrigado pela leitura. Tenho que fazer uma visita ao teu blog.
      Abraços

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