segunda-feira, 9 de janeiro de 2012












31/12



Ano que vem teremos dores de cabeça,
enxaquecas intensas ao fim do dia.
O trânsito sujará nossas bocas
e uma gripe nos acompanhará por uma semana.
Uma topada encontrará nossos pés
e um grito irá disparar nossos lábios. Algumas vezes.
Ficaremos indignados com o congresso e as esquinas
que despejam bossais e um demente alto-falante.
Nossa equipe não será campeã,
nem viajaremos a ilha de Patmos.
No cinema haverá adolescentes que não lêem dicionários.
No banco, filas sem respeito à ordem e à gentileza.
Trovejará no feriado e acordaremos com sono.
Ano que vem nem tudo dará certo,
nem todos os afetos serão correspondidos.
A raiva tingirá nossos rostos por um momento e,
no outro, as decepções cairão sobre os pés.
Ano que vem nem tudo será novidade.
Exceto o antigo costume de no último dia
escrevermos a palavra feliz 
e desejarmos, felizmente, tudo (de) novo.





Por Anna Ehre
Fotografia de Dan Weiner

Sem comentários:

Enviar um comentário

fale à vontade