31/12
Ano
que vem teremos dores de cabeça,
enxaquecas
intensas ao fim do dia.
O
trânsito sujará nossas bocas
e
uma gripe nos acompanhará por uma semana.
Uma
topada encontrará nossos pés
e
um grito irá disparar nossos lábios. Algumas vezes.
Ficaremos
indignados com o congresso e as esquinas
que
despejam bossais e um demente alto-falante.
Nossa
equipe não será campeã,
nem
viajaremos a ilha de Patmos.
No
cinema haverá adolescentes que não lêem dicionários.
No
banco, filas sem respeito à ordem e à gentileza.
Trovejará
no feriado e acordaremos com sono.
Ano
que vem nem tudo dará certo,
nem
todos os afetos serão correspondidos.
A
raiva tingirá nossos rostos por um momento e,
no
outro, as decepções cairão sobre os pés.
Ano
que vem nem tudo será novidade.
Exceto
o antigo costume de no último dia
escrevermos
a palavra feliz
e
desejarmos, felizmente, tudo (de) novo.
Por
Anna Ehre
Mais
poesia sua em http://cantarocantar.tumblr.com/
Fotografia de Dan Weiner
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