sábado, 15 de outubro de 2011











Há na intimidade um limiar sagrado





Há na intimidade um limiar sagrado,
encantamento e paixão não o podem transpor -
mesmo que no silêncio assustador se fundam
os lábios e o coração se rasgue de amor.

Onde a amizade nada pode nem os anos
da felicidade mais sublime e ardente,
onde a alma é livre, e se torna estranha
à vagarosa volúpia e seu langor lento.

Quem corre para o limiar é louco, e quem
o alcançar é ferido de aflição...
Agora compreendes porque já não bate
sob a tua mão em concha o meu coração.





Por Anna Akhmátova
tradução por Nina Guerra e Filipe Guerra

1 comentário:

  1. Acho interessantíssimo esse ponto de vista, tão delicadamente exposto em seu lindo poema. De fato, esse limiar quando ultrapassado, nos transforma em reféns do amor do outro que, por mais amado que seja, não deveria invadir nosso reduto de segurança como indivíduos.
    Adorei!
    Beijokas e um lindo domingo.

    ResponderEliminar

fale à vontade