terça-feira, 12 de julho de 2011





















TU, LEITOR










Pergunto-me como te vais sentir

quando descobrires

que fui eu que escrevi isto em vez de ti,




que fui eu que me levantei cedo

para me sentar na cozinha

e mencionar com uma caneta




as janelas ensopadas pela chuva,

o papel de parede com heras,

o peixe-dourado circulando no aquário.




Vá lá, dá a volta,

morde o lábio e arranca a página,

mas, escuta - era só uma questão de tempo




até que um de nós casualmente

reparasse nas velas apagadas

no relógio murmurando na parede.




Para além disso, nada ocorreu nessa manhã –

uma canção na rádio,

um carro assobiando na estrada lá fora –




e eu simplesmente pensando

no saleiro e no pimenteiro

colocados lado a lado num mantel individual.




Perguntei-me se se haviam feito amigos

depois de todos estes anos

ou se ainda eram estranhos um para o outro




como tu e eu

que conseguimos ser conhecidos e desconhecidos

um para o outro ao mesmo tempo –




eu a esta mesa com uma fruteira de pêras,

tu encostado algures na entrada de uma casa

junto a umas hortênsias azuis lendo isto.










Por Billy Collins

2 comentários:

  1. Os dias bons são bem temperados até mesmo em uma mesa na cozinha. Amei esse poema. Um abraço, Yayá.

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  2. Concordo, um poema de amar...que chega, conVersa, captura, invade e nos leva a poemar casa a dentro.

    Beijos.

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