TU, LEITOR
Pergunto-me como te vais sentir
quando descobrires
que fui eu que escrevi isto em vez de ti,
que fui eu que me levantei cedo
para me sentar na cozinha
e mencionar com uma caneta
as janelas ensopadas pela chuva,
o papel de parede com heras,
o peixe-dourado circulando no aquário.
Vá lá, dá a volta,
morde o lábio e arranca a página,
mas, escuta - era só uma questão de tempo
até que um de nós casualmente
reparasse nas velas apagadas
no relógio murmurando na parede.
Para além disso, nada ocorreu nessa manhã –
uma canção na rádio,
um carro assobiando na estrada lá fora –
e eu simplesmente pensando
no saleiro e no pimenteiro
colocados lado a lado num mantel individual.
Perguntei-me se se haviam feito amigos
depois de todos estes anos
ou se ainda eram estranhos um para o outro
como tu e eu
que conseguimos ser conhecidos e desconhecidos
um para o outro ao mesmo tempo –
eu a esta mesa com uma fruteira de pêras,
tu encostado algures na entrada de uma casa
junto a umas hortênsias azuis lendo isto.
Por Billy Collins
Pergunto-me como te vais sentir
quando descobrires
que fui eu que escrevi isto em vez de ti,
que fui eu que me levantei cedo
para me sentar na cozinha
e mencionar com uma caneta
as janelas ensopadas pela chuva,
o papel de parede com heras,
o peixe-dourado circulando no aquário.
Vá lá, dá a volta,
morde o lábio e arranca a página,
mas, escuta - era só uma questão de tempo
até que um de nós casualmente
reparasse nas velas apagadas
no relógio murmurando na parede.
Para além disso, nada ocorreu nessa manhã –
uma canção na rádio,
um carro assobiando na estrada lá fora –
e eu simplesmente pensando
no saleiro e no pimenteiro
colocados lado a lado num mantel individual.
Perguntei-me se se haviam feito amigos
depois de todos estes anos
ou se ainda eram estranhos um para o outro
como tu e eu
que conseguimos ser conhecidos e desconhecidos
um para o outro ao mesmo tempo –
eu a esta mesa com uma fruteira de pêras,
tu encostado algures na entrada de uma casa
junto a umas hortênsias azuis lendo isto.
Por Billy Collins
Os dias bons são bem temperados até mesmo em uma mesa na cozinha. Amei esse poema. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarConcordo, um poema de amar...que chega, conVersa, captura, invade e nos leva a poemar casa a dentro.
ResponderEliminarBeijos.