sexta-feira, 10 de junho de 2011



TRABALHO









Debaixo das suas unhas a sujidade era azul escura,

Sujidade vinda dos campos e dos prados,

Azul como as linhas no globo,

Como as cordas de um violino.

No banho não se pôde lavar

Com água e sabão.

Sujidade que penetrou nos sulcos dessas mãos silenciosamente

Como um arado rasgando a terra.

Eu conheço estes dedos tépidos,

Estes dedos bons.

As unhas do meu pai estavam azuis desta sujidade

Mesmo quando ele repousava no seu caixão.

Parecia não estar verdadeiramente morto,

Mas simplesmente a dormitar antes de ir para os campos

Por onde andaria até amanhecer,

Deitando-se de costas com a cabeça entre as palmas das suas mãos.







Por Dritëro Agolli
Tradução de Lp, Do trapézio, sem rede

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