sábado, 5 de março de 2011



PRECES DE UM POETA EM FASE DE BERÇÁRIO






que onde houver fronteira,

eu tenha muita asa!

que carolina consiga encontrar

sua sombrinha cor-de-rosa

perdida pela casa!



pois, antes, em mim havia

um acúmulo de silêncios,

uma demora profunda

do punhal no peito,

uma dor-dor como a de um

caminhão de crianças

caindo na ribanceira,



mas hoje nada temo:

nem um trem de ferro dentro da insônia

nem um avião dentro da turbulência



embora eu não me veja como

um deus lembrado

das coisas ainda não-inventadas,



vou sendo um poeta impublicável:

à beira de ser tudo,

consigo ser só

quase



– embora, por vezes, feliz

como o primeiro cego

a ouvir gramofone






Por Wilson Nanini
Ler mais poesia sua em http://wilsonnanini.blogspot.com/

2 comentários:

  1. Me identifiquei muito com este poema. sempre somos versos saindo de berçãrios, sempre somos novos em poesia... um beijo António e desejo de uma boa semana.

    Obrigada pelo e-mail e parabéns por todas as novidades.

    Carmen.

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  2. Tudo bem, António? como está o curso, quando der escreva sobre os encontros poéticos.

    Beijos, bom dia!

    Carmen.

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