domingo, 5 de setembro de 2010



SONETO NA MORTE DO HOMEM QUE INVENTOU AS ROSAS DE PLÁSTICO






O homem que inventou as rosas de plástico morreu.

Reparem na sua importância:

as suas flores imperecíveis e imaculadas nunca murcham

mas resolutamente velam o seu túmulo através da escuridão.

Ele não compreendeu a beleza nem as flores,

que enredam os nossos corações em redes suaves como o céu

e nos prendem com um fio de horas efémeras:

as flores são belas porque morrem.

A beleza sem o seu lado perecível

torna-se seca e estéril, um palco abandonado

como uma floresta de enganos. Mas a realidade

dá razão à invenção deste homem; ele conhecia a sua época:

uma visão do nosso tempo impiedoso revela-nos

homens artificiais cheirando rosas de plástico.






Por Peter Meinke
Tradução de Ricardo Castro Ferreira
Tradução retirada do blogue Do Trapézio, Sem Rede

1 comentário:

  1. É, a beleza, a luta está na circularidade... tudo que nasce, morre e nasce.

    Que bela reflexão.

    Um beijo,António!Obrigada por toda Poesia que aqui em encontramos.

    Carmen.

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