domingo, 24 de janeiro de 2010

Ainda não morreste, inda não estás sozinho:

A companheirinha-mendiga

No vale magnânimo e com a bruma, o frio,

A tempestade - está contigo.



Na pobreza opulenta, miséria poderosa,

Vive tranquilo e consolado.

Benditas são as noites e os dias, e o labor

Do belo-verbo é sem pecado.



Desgraçado é quem de si mesmo é a sombra,

A quem assusta o ladrido,

O vento ceifa. É pobre quem pede esmola à sombra

Meio morto e ferido.





Por Ossip Mandelstam, trad. Nina Guerra e Filipe Guerra

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