sábado, 14 de abril de 2012








SEM CHAVES E ÀS ESCURAS





Era um desses dias em que tudo corre bem.
Tinha limpado a casa e escrito
dois ou três poemas que me agradavam.
Não pedia mais.

Então saí para o patamar para deitar o lixo fora
e, atrás de mim, com uma corrente de ar,
a porta fechou-se.
Fiquei sem chaves e às escuras
sentindo as vozes dos meus vizinhos
através das suas portas.
É passageiro, disse para mim;
no entanto também a morte poderia ser assim:
um patamar escuro,
uma porta fechada com a chave do lado de dentro,
o lixo na mão.





Por Fabián Casas
Tradução de Lp, Do trapézio sem rede

2 comentários:

  1. Vermelho que chama
    encontro porta fechada
    apenas o trinco mede esforço para adentrá-la

    Vermelho em chamas
    janela lacrada
    esforço que trinca a entrada...

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  2. Viva Mari, obrigado por esse adiantamento ao poema. É sempre bom ouvir-te,
    abraços

    António

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