O
TERRORISTA ...OLHA
A
bomba vai explodir no bar às treze e vinte.
São
neste momento treze e dezasseis.
Alguns
conseguem ainda entrar,
alguns
sair.
O
terrorista passou já para o outro lado da rua.
A
esta distância ficará livre de perigo
e,
quanto a vista, é como no cinema:
Uma
mulher de casaco amarelo… entra.
Um
homem de óculos escuros… sai.
Rapazes
de jeans… conversam.
Treze
horas, dezassete minutos e quatro segundos.
Aquele
baixinho tem sorte e senta-se na vespa,
mais
um tipo alto que entra.
Treze
horas, dezassete minutos e quarenta segundos.
Passa
uma moça de fita verde nos cabelos.
Só
que o autocarro oculta-a.
Treze
e dezoito.
A
rapariga desapareceu.
Se
foi bastante estúpida para entrar ou não,
isso
se saberá pelas notícias.
Treze
e dezanove.
Parece
que ninguém entra.
Há
porém um careca gordo que sai.
Mas
olha, parece que procura algo nos bolsos,
faltam
treze segundos para as treze e vinte,
e
ele volta a entrar em busca das luvas que perdeu.
São
treze e vinte.
Como
o tempo voa.
Deve
ser agora.
Ainda
não.
Sim,
é agora.
A
bomba… explode.
Por
Wislawa Szymborska
Tradução
de Júlio Sousa Gomes
Arte
variação sobre quadro de Edvard Munch
Um dos melhores dessa grande poeta.
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