quarta-feira, 1 de dezembro de 2010



A BOSTA É POP






Minha poesia não é pra ser recitada em

Saraus ou Academias de Letras.

É pra ser lida, sentida

No fundo do estômago

No útero, no saco escrotal.

Minha poesia vem das ruas

Avenidas encardidas

Lamacentas

Limo, excrementos

Vômitos esverdeados

De quem tem sede de vida.

Minha poesia não é de métrica

Nem rima rica

A pobreza define e alimenta os versos

Tão indigestos que

Dão azia, caganeira

Larica.

Minha poesia é kirsh

Sem cores de Almodóvar

Tudo em preto e branco

Cadelas e cachorros não enxergam colorido.

Minha poesia é pop.

A Bosta é pop!

Todo mundo faz e

Cada qual a sua maneira.

Mais dura ou mais mole

Depende do que se comeu na véspera.

Minha poesia pode ser diluída

Na cerveja, na cachaça

Na garapa vendida na feira e

Mais dois pastéis

bem grandes

que possam caber perplexidade

e espanto.

Minha poesia está sempre indignada

Aterrorizada

Por tanta genialidade óbvia

Que só vive de conceito

Na pia batismal

Sacramentando o egoísmo e a sordidez;

O olhar míngua ao dar nome

ao próprio umbigo.

Minha poesia está sempre de olhos arregalados

Sem dormir a canção de Drummond

Que Me fez acordar para sempre.

Só a criança em Mim dorme

Porque há mais de um século está morta.

Minha poesia é feita do lixo!

Faz desmoronar o planeta insustentável

Empobrecido pelo ser humano

E seu medo de amar.



Meu poema é o dejeto que não se recicla!






Por Lou Albergaria
Ler mais poesia sua em http://lobaderayban.blogspot.com/
e http://sementedeamora.blogspot.com/

2 comentários:

  1. Genial encontrar a poesia de Lou aqui, beijos!!!

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  2. Muito obrigada!

    BEIJOS!!!

    É bom encontrarmos a nós mesmos onde não esperamos...

    Grata surpresa!

    ResponderEliminar

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