O
ANJO
Perdeu-se
de seu bando numa revoada vespertina. Então, perambulou ocioso por campos,
revivendo carcaças, desviando enchentes dos vilarejos, curando a peste do gado
e a febre da lavoura, até chegar à cidade. Entretanto, só as crianças ainda sem
batismo o viam. E ele, em dialeto de bicho de pelúcia, lhes falava de coisas
que ainda não tinham nome. Passou a habitar empoleirado no ombro de uma menina
cega. Quando ninguém estava olhando, o anjo interrompia sua cegueira, e a
menininha, disfarçadamente deslumbrada, podia ver até através das pessoas.
Por Wilson Nanini
Arte de Duy Huynh
Aquilo que está para além do real!
ResponderEliminarMuito bom este poema do Wilson. Obrigado pelo comentário, Cris de Souza
ResponderEliminarAbraços