terça-feira, 24 de julho de 2012










À MANEIRA DE SZYMBORSKA





Chegados a este ponto
talvez tudo devesse ser mais simples,
a palavra lua não deveria nomear nada mais
do que a lua,
e os rios deveriam seguir até ao seu destino
sem serem alterados
pelas metáforas.
Talvez a palavra solidão não devesse
significar outra coisa além da ausência
de acontecimentos
e a palavra silêncio pudesse servir só
para calar os ruídos.

Com a língua talvez tudo devesse ser
mais simples, sem voltas
nem requebros, deixando-nos
com duas ou três questões
para seguir em frente:
um porquê, algum não sei.
E, depois, fechar a porta
que, neste caso,
deveria significar unicamente
fechá-la.






Por Berta Piñan
Tradução Lp, Do trapézio sem rede (http://arspoetica-lp.blogspot.pt/)

2 comentários:

  1. A gente teima mesmo por metáforas, daí o medo ou a insegurança em fechar de vez a porta, até mesmo por não saber se a porta é mesmo uma porta. A língua embaralha a vida.
    Belo texto!

    Um abraço!

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    Respostas
    1. Viva EV obrigado pelas palavras. Também é essa a verdade do poema. E que alcance o poema tem.

      Abraços, vá estando presente

      António

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