À
MANEIRA DE SZYMBORSKA
Chegados a este ponto
talvez tudo devesse ser mais simples,
a palavra lua não deveria nomear nada mais
do que a lua,
e os rios deveriam seguir até ao seu destino
sem serem alterados
pelas metáforas.
Talvez a palavra solidão não devesse
significar outra coisa além da ausência
de acontecimentos
e a palavra silêncio pudesse servir só
para calar os ruídos.
Com a língua talvez tudo devesse ser
mais simples, sem voltas
nem requebros, deixando-nos
com duas ou três questões
para seguir em frente:
um porquê, algum não sei.
E, depois, fechar a porta
que, neste caso,
deveria significar unicamente
fechá-la.
Chegados a este ponto
talvez tudo devesse ser mais simples,
a palavra lua não deveria nomear nada mais
do que a lua,
e os rios deveriam seguir até ao seu destino
sem serem alterados
pelas metáforas.
Talvez a palavra solidão não devesse
significar outra coisa além da ausência
de acontecimentos
e a palavra silêncio pudesse servir só
para calar os ruídos.
Com a língua talvez tudo devesse ser
mais simples, sem voltas
nem requebros, deixando-nos
com duas ou três questões
para seguir em frente:
um porquê, algum não sei.
E, depois, fechar a porta
que, neste caso,
deveria significar unicamente
fechá-la.
Por Berta Piñan
Tradução
Lp, Do trapézio sem rede (http://arspoetica-lp.blogspot.pt/)
A gente teima mesmo por metáforas, daí o medo ou a insegurança em fechar de vez a porta, até mesmo por não saber se a porta é mesmo uma porta. A língua embaralha a vida.
ResponderEliminarBelo texto!
Um abraço!
Viva EV obrigado pelas palavras. Também é essa a verdade do poema. E que alcance o poema tem.
EliminarAbraços, vá estando presente
António