sábado, 2 de março de 2013








LITERATURA AMERICANA





Poetas e escritores
movem-se para o interior do vazio
que Edward Hopper lhes deixou.
Instalam-se em espaços desprovidos
onde a luz foi purgada e descolorida até se tornar 
numa espécie de branco-crânio, onde nada 
cresce senão a ausência. Onde falta alguma coisa,
o homem pelo qual espera uma mulher,
ou a mobília num quarto
nu como uma cama de hospital
depois do doente ter morrido.
Estes interiores desolados
são aquilo que eles têm procurado,
os escritores, chegando aqui com a sua bagagem
feita de varas de vedores, os seus livros com badanas,
as suas difíceis fotografias de família,
as suas camas granulosas e a sua inclinação
para começar fogos em quartos vazios.




Por Lisel Mueller
tradução de Lp, Do trapézio sem rede
Arte de Edward Hopper

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